quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

LÁGRIMAS DE MINISTRA ITALIANA

A notícia correu mundo, a Ministra do Trabalho italiana chorou em público, embargou-se-lhe a voz quando ia anunciar sacrifícios aos pensionistas. E a sua angústia foi tão grande que não conseguiu acabar a frase, ficou a tentar conter as lágrimas, aquela bola na garganta a sufocá-la, as lágrimas a saltarem, teimosas, e o braço amigo e respeitoso do Primeiro Ministro a seu lado, compreendendo o esforço impossível.
É uma cena única e profundamente emocionante. Não estamos habituados a manifestações genuínas de comoção perante a gravidade do que se anuncia às pessoas lá em casa, coladas ao écran. Estamos habituados a vozes iradas, a prós e contras, a contas, a milhares de contas, a milhões, biliões e trocos, sim, já não acreditamos que a política possa envolver pessoas de carne e osso, que pensem, amarguradas, no impacto que o que decidiram vai ter na vida das pessoas de carne e osso.
Porque chora a Ministra? Porque é mulher, dirão alguns, ironicamente, porque não está preparada para a política, dirão outros, hesitantes. Porque tem toda a razão em chorar, dirão, felizmente, muitos outros, e é maravilhoso que se encontre alguém que teve a coragem de integrar um Governo que sabia que tinha que fazer isto, é um raro sinal de esperança, porque significa que ela tem plena consciência da gravidade do que tem que decidir. Porque, sabendo e sofrendo com isso, terá certamente a maior cautela, a maior prudência e a maior ponderação nas suas escolhas. Uma pessoa assim talvez não faça cálculos politiqueiros, somas manhosas e golpes de bastidores. Uma pessoa assim, tenhamos esperança, não rejubilará com vitórias pessoais, com ganhos de poder, com notícias de favor. Uma pessoa que chora, sentidamente, quando pensa no que vai fazer sofrer.

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