segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

EDUARDO LOURENÇO RECEBE PRÉMIO PESSOA

Eduardo Lourenço ficou "estupefacto e surpreso" com o Prémio Pessoa, embora o considere "o mais justificado" de todos os que recebeu, por causa da importância que Fernando Pessoa tem para o seu percurso e para a sua obra. "Estava tão longe de pensar que ainda ia receber um prémio deste género...", disse o filósofo à Lusa a partir de Vence, nos Alpes Marítimos franceses, onde reside.

Enxcerto da entrvista que deu ao EXPRESSO em 23.12 2011

Crise – “A Humanidade tem muitas maneiras de se definir. Ninguém pode viver sem esperança. A esperança é uma componente do que é cada ser humano. Sempre tivemos uma visão muito eurocêntrica, mas agora estamos a entrar num pessimismo em relação à Europa. É a famosa crise. Todo o discurso, na componente económica ou financeira, é da ordem do apocalíptico. Estamos à beira do abismo. É verdade que a situação não é boa, mas este continente ainda hoje é o de maior bem-estar em todo o globo. Não há razão para que os europeus desatem a autoflagelar-se.”
Europa – “A Europa comunitária foi construída sob pressupostos negativos: a ideia de servir de tampão entre os EUA e o Bloco de Leste. Uma ideia dos EUA que nos deixou entre parêntesis. No dia em que Muro de Berlim saltou, a Europa ficou sem projecto. (…) A Europa não tem nenhuma espécie de ideologia que a mova para que lhe possa fornecer um sentido do seu próprio projecto.”
Virtual – “Pela primeira vez, vivemos num mundo ao mesmo tempo mais materialista no sentido antigo do termo e mais virtual. A novidade, agora, é que a virtualidade é mais importante que a materialidade. Nesse capítulo, continua a ser um mundo humano. Só os homens são capazes de inventar algo que não existe.”
Juventude – “Neste momento, o problema crucial do mundo é que uma parte da juventude, pela primeira vez, não tem esperança. Não chega a entrar na vida. Pode sair dela sem ter entrado na vida. Isto é novo no Ocidente. Isto é espantoso.”
Aldeia – “Só há aldeias. Porque mesmo as pessoas que vivem nos grandes meios escolhem sempre um canto que lhes serve de aldeia. A aldeia é um conjunto de casas. E no meio das casas há a casa. E nós só precisamos de viver numa casa. O problema é aqueles que sabem isso e que não têm casa.”

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