quinta-feira, 18 de agosto de 2011

JACQUES DELORS



"Mítico" presidente da Comissão Europeia diz que as recentes propostas de Sarkozy e Merkel "não servem para nada" e que é preciso avançar precisamente com o que os dois líderes dizem ser extemporâneo: obrigações europeias.
Em entrevista a dois jornais, o belga “Le Soir” e suíço “Le Temps”, citada pela agência Lusa, Jacques Delors mostra-se crescentemente apreensivo, avisando que o euro e a União Europeia estão “à beira do precipício”
"Temos de abrir os olhos: o euro e a Europa estão à beira do precipício”. Evitá-lo, diz Delors, exige uma “cooperação económica reforçada ou a transferência de mais poderes para a União”, e nenhuma das duas opções foi claramente escolhida por Angela Merkel e Nicolas Sarkozy na sua recente proposta de criação de um governo económico.
"Tal como estão, [estas propostas] não servem para nada", protesta o antigo presidente da Comissão Europeia, cargo agora ocupado por Durão Barroso.
Em sua opinião, "desde o início da crise" que os dirigentes europeus "têm passado ao lado da realidade", e a Alemanha e a França insistem em "formular respostas vagas e insuficientes".
Ao contrário do que defendem Paris e Berlim, Delors acredita que a emissão conjunta de dívida pública é uma necessidade imediata. Defende que os países do euro possam recorrer a este instrumento europeu (que proporcionaria taxas de juro mais baixas para Portugal ou Grécia, mas mais altas para Alemanha ou França) não para garantirem todas as suas necessidades, mas para se financiarem até ao equivalente a 60% do PIB, que coincide com o limite do rácio da dívida pública imposto (e raramente cumprido) pelos Tratados europeus.

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