Mário Soares critica silêncio «estranho» de Cavaco face à crisePor Redacção
O antigo presidente da República Mário Soares considera que Cavaco Silva podia ter feito mais para evitar a crise em Portugal, sublinhando que o actual chefe de Estado ficou «estranhamente silencioso» face ao que se passava.
«O presidente da República ficou estranhamente silencioso. Fiz-lhe um apelo público ´angustiado´ para que evitasse a crise. Quanto a mim, podia tê-lo feito», afirma Mário Soares no livro «Portugal Tem Saída – Um Olhar Sobre a Crise», uma reflexão do socialista e da jornalista do Público Teresa de Sousa que será lançado na segunda-feira.
O fundador do PS lembra que Cavaco «alegou o facto de as coisas ´terem sucedido com muita rapidez´ o que lhe retirou margem de manobra». «É uma explicação seguramente verdadeira, mas faz-nos reflectir. Sobretudo depois da promessa que fez aos portugueses de exercer uma magistratura de influência mais activa», analisa.
Mário Soares considera que a oposição «falhou» quando levou à queda do Governo de José Sócrates e que o PSD «não teve qualquer vantagem em ter precipitado a crise política, no momento em que o fez». Diz ainda que «há grupos» dentro do partido que não gostam de Passos Coelho e que só o queriam como primeiro-ministro para o destruir.
O antigo chefe de Estado justifica, depois, a derrota do PS nas eleições legislativas com o facto de o partido ter tudo «sempre tudo contra ele à direita e à esquerda».
De José Sócrates, afirma que foi «um líder forte», com «grandes virtudes» e também «alguns defeitos».
Já sobre a União Europeia, Mário Soares criticou o neoliberalismo e o capitalismo imposto e o tipo financeiro e especulativo que daí resultou.
«Muitos europeus começam a compreender que a União, ou muda o seu modelo económico-social, ou entrará em irreversível decadência e, por ventura, mesmo em desagregação».
11:08 - 02-07-2011
Sem comentários:
Enviar um comentário