segunda-feira, 27 de maio de 2013

ANSELMO BORGES

O mundo dos afectos, a fé e a cura





A definição do Homem como animal racional não dá conta adequada do que somos: de facto, não começamos por pensar, mas por sentir. Somos afectados pelo meio ambiente, desde o ventre materno. Daí, não ser indiferente uma gravidez querida e serena e uma gravidez vivida no meio da inquietação e do sobressalto.
No instante da concepção, está-se no que alguns chamam a "inocência do sentimento". Depois, começamos a ser afectados, positiva ou negativamente, e assim se vai formando uma atitude positiva ou negativa face ao mundo e aos outros, com consequências na auto-estima e autoconfiança ou não, com confiança no mundo e nos outros ou, pelo contrário, com desconfiança e inquietação.
Na altura, ainda se não pensa, mas sente-se. Primeiro, são os afectos. Suponhamos que, depois do nascimento, não se cuida convenientemente do bebé, ninguém lhe sorri, ninguém o acarinha. O que fica? O sentimento de frustração. Afinal, o que vale o mundo? Para que serve? Não começa aqui o sentimento de revolta, violência e destruição?
Depois, com a aquisição lenta do uso da razão, há-de estudar-se a vida afectiva, para aproveitar a sua força - querer ser e viver - na condução da existência, sabendo conviver com ela nas suas dimensões positivas e negativas. Porque a razão, sem os afectos, pode ficar paralisada, mas estes, sem aquela, podem tornar-se cegos. E assim se constata a importância do que hoje se chama a razão que sente, razão sensível, razão emocional.
É neste fundo anímico-vital afectivo que mergulha a própria fé religiosa. Esquece-se frequentemente que a fé não começa por ser religiosa, mas uma atitude fundamental da existência enquanto confiança de base. Hoje, quando o que faz falta é confiança e crédito, percebe-se melhor o tema. Mas, a um dado momento, há-de colocar-se também a questão da fé religiosa, na medida em que se põe a pergunta pelo fundamento último da confiança.
A realidade da fé como atitude fundamental de toda a existência e como possível abertura à fé religiosa, garante do sentido último e pleno, é sublinhada cada vez mais, também em estudos científicos referentes à doença e à cura. Aliás, não há aqui nenhuma descoberta, pois sempre se soube que a atitude do Homem face à vida, à doença e à própria morte depende do grau da sua confiança.
Também da confiança em Deus? "Uma grande maioria do corpo científico considera que a religião tem um impacto positivo na saúde", explicou na Time Magazine Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia.
Agora, Le Monde des Religions (n.° 54, 2012) foi investigar e dá conta de um artigo da Universidade de Oxford em 2001, com a síntese de 1200 estudos sobre a questão, concluindo que "crer , rezar, praticar uma religião levam a uma melhor resiliência às doenças mentais como a esquizofrenia e têm uma acção positiva sobre a pressão arterial e as funções imunitárias". Isto não significa que a oração seja um medicamento, mas que acreditar permite suportar melhor a doença, favorecendo o tratamento. A imagem de Deus, bom ou castigador, é fundamental.
Gail Ironson, da Universidade de Miami, num estudo sobre a ligação entre VIH e crença religiosa, conclui que, "mesmo tendo em conta os medicamentos, a espiritualidade traz um melhor controlo da doença". Nel Krause, da Universidade do Michigan, mostrou que as pessoas que acreditam que "a sua vida tem um sentido" vivem mais tempo.
O acto médico não pode ser de modo nenhum o de um técnico perante uma máquina estragada que é preciso reparar. É necessário aproximar-se do paciente dentro de uma compreensão global do Homem. Georges Engel, num artigo célebre - "The Need for a New Medical Model" -, falou de uma aproximação "bio-psico-social", que, segundo o teólogo Guy Jobin, teve enorme impacto. "Já não se trata de uma divisão do trabalho entre cura do corpo e cura das almas. Em vários sectores do cuidado - em geriatria, nos cuidados de longa duração, nos cuidados paliativos -, o acompanhante espiritual faz agora parte integrante da equipa de cuidados. É considerado um profissional como os outros membros da equipa."

domingo, 26 de maio de 2013

FRAGRÃNCIA

 
 
 
 
 
"O estado mais elevado de amor não é, de modo algum, um relacionamento: é simplesmente um estado do seu ser.
 Assim como as árvores são verdes, aquele que ama é amoroso. Elas não são verdes apenas para determinadas pessoas: não é que quando você aparecer, elas se tornam verdes. A flor continua espalhando sua fragrância quer alguém apareça ou não, quer alguém aprecie ou não.
 A flor não começa a liberar sua fragrância quando um grande poeta está se aproximando – 'Bem, este homem apreciará, este homem será capaz de compreender quem eu sou'. E ela não fecha suas portas quando vê que uma pessoa estúpida, idiota, está passando por ali – uma pessoa insensível, obtusa, um político ou alguém parecido... Ela não se fecha – 'Qual o sentido? Por que jogar pérola aos porcos?' Não, a flor continua espalhando sua fragrância. Trata-se de um estado, não de um relacionamento.” Osho

sábado, 25 de maio de 2013

INVESTIGAÇÃO

Solução para a tuberculose resistente pode passar pela vitamina C

Descoberta de investigadores da Universidade de Yeshiva, nos Estados Unidos, foi feita por acaso. Os testes foram feitos apenas em laboratório, mas abrem a porta a novos medicamentos..Por agora, a ideia ainda não saiu dos laboratórios, mas os dados preliminares são entusiasmantes: os casos de tuberculose mais resistente aos antibióticos convencionais podem ter uma melhoria significativa se ao tratamento for adicionada vitamina C. A descoberta foi feita por mero acaso, por um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein da Universidade de Yeshiva, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. E acabou por resultar num estudo agora publicado na edição online da revista científica Nature Communications.
De acordo com os investigadores, a ideia principal passa por conceber novos medicamentos para a tuberculose onde ao antibiótico seja adicionada a vitamina C, o que, além de revelar melhores resultados, também parece conseguir encurtar o tempo de tratamento (que, muitas vezes, vai de seis meses a dois anos) e torná-lo mais barato. Porém, por agora, os testes ainda não saíram do laboratório e não se sabe que resultado terá o mesmo tratamento em humanos e que doses seriam necessárias.

domingo, 19 de maio de 2013

ASTRONAUTAS RUSSO REGRESSA Á TERRA DEPOIS DE 5 MESES NO ESPAÇO

Astronauta Chris Hadfield faz sinal de positivo depois do pouso da Soyuz
Três astronautas retornaram nesta terça-feira à Terra depois de uma missão de quase cinco meses na Estação Espacial Internacional (ISS), período que transformou o canadense Chris Hadfield em estrela, depois que ele usou o Twitter para mostrar como é a vida no espaço. 

A cápsula russa Soyuz com os três astronautas, o americano Tom Marshburn, o russo Roman Romanenko e Hadfield, que completaram uma missão de 146 dias na ISS, pousou sem problemas no Cazaquistão.

A televisão estatal russa exibiu as imagens do pouso suave da cápsula perto da cidade de Karaganda.

Pouco depois, os três astronautas foram retirados da cápsula por membros dos equipes de resgate. Os três pareciam em bom estado de saúde e, depois que foram instalados em cadeiras especiais, foram cobertos com lençóis térmicos e beberam chá.

Hadfield virou uma estrela durante a missão com suas mensagens frequentes no Twitter, que ofereceram uma visão sem precedentes da vida quotidiana no espaço, com imagens espectaculares obtidas na ISS.

Sua popularidade coincide com o debate sobre a necessidade de manter os voos espaciais tripulados em um momento de cortes orçamentários.
Astronauta Chris Hadfield faz sinal de positivo depois do pouso da Soyuz   (REUTERS/Mikhail Metzel/Pool )

EUROPA E ÉTICA

ANSELMO BORGES

Identidade narrativa, a ética, a Europa e a esperança

por ANSELMO BORGESOntem84 comentários
Se fosse vivo, teria feito 100 anos no passado dia 27 de Fevereiro. É um dos maiores filósofos do século XX, que "se tornou filósofo para se não tornar esquizofrénico".
Refiro-me a Paul Ricoeur, sendo o que aí fica, evitando tecnicismos, uma homenagem ao grande pensador humanista e cristão, que também influenciou a teologia, com a hermenêutica.
1. Pergunta nuclear da filosofia é: o que é o Homem?, quem sou eu? Ora, não se pode duvidar do facto de que eu sou; mas quem sou, o que é que eu sou: isso é duvidoso. O Homem não é transparente a si próprio. Para chegar a si mesmo, tem de fazer um grande desvio de interpretação, passando pelas obras da cultura: a literatura, as artes, as religiões, as ciências naturais - no quadro das neurociências, em diálogo com J.-P. Changeux, fez questão de acentuar a distinção fundamental entre o conhecimento científico e a experiência vivida: o sujeito não é redutível a dados empíricos -, as ciências humanas... É mediante esse percurso que o Homem vem a si próprio; reconhece-se, narrando a sua própria história, sempre aberta e em transformação. A identidade humana é narrativa.
2. A ética ocupa lugar central no pensamento ricoeuriano. É famoso, neste campo, o seu triângulo ético: a ética é "o desejo da "vida boa" com e para outrem em instituições justas". Tudo arranca do desejo: o esforço de existir, a capacidade de querer e agir, ser. Mas "eu" (primeira pessoa) não sou sem o outro, sem o "tu" (segunda pessoa), que me solicita: "O outro é meu semelhante. Semelhante na alteridade, outro na semelhança." O encontro, porém, dá-se no contexto de um "ele", "ela" (terceira pessoa), que remete para o impessoal e institucional (instituições justas).
3. A sua filosofia está profundamente enraizada. Di-lo também um texto sobre a Europa, numa entrevista de 1997, agora publicada pela Philosophie Magazine: "Estamos em guerra económica. É um problema muito perturbador, sobre o qual nunca tinha dito nada. É hoje o problema de toda a Europa ocidental. Onde, para sobrevivermos, devemos manter uma ética e uma política da solidariedade. O combate a travar tem duas frentes: por um lado, as nossas economias têm de permanecer competitivas; por outro, não podem perder a alma - o seu sentido da redistribuição e da justiça social. Um problema enorme, quase tão difícil de resolver como a quadratura do círculo...
Ainda não acabámos com a herança da violência e da última guerra.

FONTE:D.DE NOTÍCIAS 19.5.2O13 

sábado, 4 de maio de 2013

quinta-feira, 2 de maio de 2013

EI-LOS QUE PARTEM

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VOLTA 25 DE ABRIL


 25 de Abril
Tempo de Abril - Nunca deixemos cerrar as portas que Abril abriu!


(Não é preciso esperar pelo dia 25. 
Há que trazer a data no nosso espírito nestes dias de Abril - 
e não só, mas sempre, sobretudo neste tempo em que tantos ferem os 
valores morais, as liberdades, a democracia e a esperança)

(...)E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu
.
(...)


(...)Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.

(...) Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava

o povo é quem mais ordena.


(...)Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.