Foi há 50 anos sobre a inauguração da ponte que ligou Lisboa a Almada, atravessando o Tejo, hoje chamada “25 de Abril”, mas com o nome de “Salazar” na data da inauguração. A ponte tinha sido começada a construir quatro anos antes, exactamente em 5 de Novembro de 1962. Neste mesmo ano de 2016, passaram também 100 anos sobre a morte de Edmond Bartissol, o francês que concebeu um dos primeiros projectos de ponte para a travessia do Tejo na zona de Lisboa e que doou a Casa de Bocage ao município setubalense. Tudo números redondos para evocar Bartissol.
Desde o primeiro trimestre de 1911 que Setúbal tem o nome de Edmond Bartissol consagrado na toponímia, dando nome à rua que antes teve S. Domingos como patrono. A razão de tal escolha está ligada à oferta da casa onde terá nascido Bocage, que o engenheiro francês fez, em 1887, à Câmara sadina. Tendo constado que a casa ia ser vendida, o engenheiro adquiriu-a, fez-lhe as obras de manutenção e doou-a à autarquia, tendo a imprensa regional da época dito que a intenção do doador era a de que ali fosse instalada “a biblioteca municipal ou um museu bocagiano”.
Nascido em 20 de Dezembro de 1841, em Portel-les-Corbières, na região de Perpignan, no sul de França, Edmond Bartissol desde cedo se tornou empreendedor de génio. Em 1866, já estava na
construção do canal de Suez e, em 1875, estava em Portugal como representante da Sociedade Financeira de Paris. Estava-se então em plena época do “fontismo”, política que entendeu como progresso a facilidade de comunicações, ainda que apoiadas no capital estrangeiro. Foi assim que Bartissol se tornou numa personalidade incontornável, tendo começado pela exploração mineira e tendo chegado à construção da via férrea, na linha da Beira Alta (a partir de 1879) e na linha de Belém-Cascais (em 1886-1890), e às obras do porto de Leixões.
No entanto, o projecto que, em 1889, apresentou, em conjunto com o engenheiro Théophile Seyrig, de travessia do Tejo por ponte, na zona de Lisboa, não teve sucesso, apesar do renome de Bartissol nas obras públicas. Interessado em ligar a capital à região industrial do Barreiro e ao futuro desenvolvimento do sul de Portugal, os dois engenheiros foram autores do projecto de uma ponte que unisse as duas margens do Tejo, entre Lisboa e Almada. A ideia não era absolutamente nova, porque, em 1876, já Miguel Pais propusera a ligação entre Lisboa e o Montijo e, em 1888, Lye admitira a ligação entre Lisboa e Almada.
Sem comentários:
Enviar um comentário